Dança com os deuses
Outro dia eu fiz um crossover entre C. S. Lewis e Raul Seixas no Instagram, então Arnaldo Antunes vai soar fichinha pra vocês. Bem, vamos lá. Se por um lado “Carpinteiro do universo”, do roqueiro baiano, me leva a refletir na natureza egoísta do nosso (suposto) altruísmo, “Alegria”, do ex-titã, me faz pensar na natureza egoísta do nosso sofrimento. Diz a letra: Eu vou te dar alegria Eu vou parar de chorar Eu vou raiar um novo dia Eu vou sair do fundo do mar Eu vou sair da beira do abismo E dançar, e dançar, e dançar A tristeza é uma forma de egoísmo Eu vou te dar, eu vou te dar, eu vou... É precisamente esse o problema de Orual, personagem de C. S. Lewis em Até que tenhamos rostos . Em dado momento da narrativa, ela empreende uma longa jornada até o monte onde sua irmã Psique, por quem nutria um amor maternal mas idólatra, havia sido levada para o sacrifício. Quando ela e Bardia, o fiel soldado, chegam em um determinado ponto, dão com uma paisagem tão exuberante que deixa Orual atônita