Dois cavalos

Um amigo, a quem recomendei Peixe grande e suas histórias maravilhosas e saiu um tanto frustrado do filme, dizendo que esse negócio da fantasia como substituta da realidade é perigoso, que precisamos ter cuidado com isso, piriri, pororó, contou-me, vejam vocês, um causo que não faz outra coisa senão confirmar a premissa mesma do longa.

Ele e sua esposa passavam a lua de mel num desses cenários paradisíacos do litoral sul de Pernambuco. Ali pela campina próxima a onde estavam hospedados pastava um cavalo cuja brancura dava o contraste perfeito com o azul do mar. Os pombinhos ficaram a tal ponto encantados com a magnificência do bicho que, ao voltarem para o Rio de Janeiro, recomendaram a mesma pousada a um casal amigo somente por causa do cavalo.

Mas tal não foi a frustração dele quando esse casal de amigos retornou com a foto do pretenso manga-larga do meu amigo. Ele não passava de um pangaré feridento. Meu amigo ficou confuso. Não era possível tratar-se do mesmo cavalo. Podia jurar que o bicho era digno de São Jorge! Porém não restava dúvidas: era o próprio.

Nas cordas, já não podendo com os fatos”, tirou forças de onde não tinha e traspassou o dragão do seu amigo com a lança de sua memória e ficou com o cavalo de sua lua de mel. E ainda virou para a esposa e perguntou: “Não é, princesa?”. 

Era.

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