Sobre confiar

Peço que meu filho leia um texto que eu previamente já li. Quando noto que ele leu errado, mando-o ler de novo. De novo ele lê errado e de novo eu mando que releia. Então ele lê certo. Queria adivinhar a palavra. Digo-lhe sempre: confie na palavra, no que está escrito!

Fui ver o DVD de um artista para ver se conseguia tocar determinada música do jeitinho que ele toca. Fiz o mesmíssimo acorde, mas o som definitivamente não era o mesmo. O que poderia haver de errado? Resolvi ignorar o que via e confiar no que ouvia e... bingo! Consegui o mesmo som! Foi quando lembrei que os DVDs estão cheios de overdubs

Nesse processo de alfabetização, tenho ensinado meu filho a confiar no texto. Mesmo os erros de digitação são didáticos, pois o forçam a deduzir a palavra correta. Nada de tomar uma palavra desconhecida por outra conhecida e de grafia próxima. Nada de adivinhação – que, aliás, não é coisa de crente. 

A “realidade” muitas vezes vem mascarada com overdubs. Mas as velhinhas carolas estão aí, de ouvidos bem atentos ao barulho do mundo.

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